Diabetes gestacional e pré-eclâmpsia: tudo que você precisa saber
Você sabia que a fisioterapia pélvica pode te ajudar a prevenir e até melhorar os efeitos da diabetes gestacional e da pré-eclâmpsia?
Se você está grávida ou planejando engravidar, é fundamental entender o que é a diabetes gestacional e a pré-eclâmpsia, como elas podem impactar a sua saúde e a do seu bebê e, principalmente, como a fisioterapia pélvica e o exercício físico podem ser grandes aliados nesse processo.
Vamos conversar de forma simples e direta? Então vem comigo!
A importância do exercício físico na gravidez
O exercício físico durante a gestação traz benefícios comprovados tanto para a mãe quanto para o bebê. Não é à toa que várias diretrizes nacionais e internacionais reforçam a importância de se manter ativa na gravidez.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que mulheres grávidas saudáveis realizem pelo menos 150 minutos de atividade física de intensidade moderada por semana.
Isso porque a inatividade durante a gestação aumenta bastante o risco de desenvolver:
- Diabetes mellitus gestacional (DMG)
- Pré-eclâmpsia
- Hipertensão gestacional
- Ganho de peso excessivo
- Complicações no parto
- Depressão pós-parto
- Problemas para o bebê, como baixo peso ao nascer e até natimorto
Ou seja, se movimentar é essencial para a sua saúde e para o desenvolvimento saudável do seu bebê.
Agora, vamos entender melhor o que é a diabetes gestacional e a pré-eclâmpsia?
O que é diabetes gestacional?
De maneira bem simples, a diabetes gestacional é um tipo de diabetes que aparece pela primeira vez durante a gravidez. Ela acontece quando o corpo da mulher não consegue produzir insulina suficiente para lidar com o aumento natural da glicose no sangue que ocorre nesse período.
Quais são os riscos da diabetes gestacional?
A insulina é o hormônio que ajuda a controlar o nível de açúcar no sangue. Quando ela não é suficiente, o açúcar se acumula no sangue, levando ao quadro de diabetes.
Essa condição, se não for bem controlada, pode trazer alguns riscos, como:
- Maior chance de parto prematuro
- Macrossomia fetal (quando o bebê cresce demais dentro do útero)
- Necessidade de parto cesáreo
- Maior risco para a mãe desenvolver diabetes tipo 2 no futuro
Estima-se que cerca de 50% das mulheres que tiveram diabetes gestacional venham a desenvolver diabetes tipo 2 em até 10 anos após o parto.
O que acontece se a diabetes gestacional não for controlada?
Se não for adequadamente controlada, a diabetes gestacional pode impactar tanto a saúde da mãe quanto a saúde do bebê, aumentando riscos durante o parto e no pós-parto, e elevando as chances de doenças metabólicas futuras.
O que é pré-eclâmpsia?
A pré-eclâmpsia é uma complicação séria da gravidez, caracterizada principalmente por:
- Aumento da pressão arterial (hipertensão)
- Presença de proteínas na urina (proteinúria)
- Inchaço, especialmente nas mãos, rosto e pernas
Como identificar os sinais de pré-eclâmpsia?
Entre os sinais que merecem atenção estão:
- Pressão arterial elevada
- Dores de cabeça intensas
- Visão turva ou alterações visuais
- Inchaço súbito
- Dor na parte superior do abdômen
- Diminuição na quantidade de urina
Quais são os riscos da pré-eclâmpsia para a mãe e o bebê?
- Se não tratada, a pré-eclâmpsia pode evoluir para:
- Convulsões (eclâmpsia)
- Insuficiência renal ou hepática
- Parto prematuro
- Restrição de crescimento fetal
- Risco de morte para a mãe e para o bebê
Relação entre diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e hipertensão
Embora sejam condições diferentes, a diabetes gestacional e a pré-eclâmpsia têm uma ligação muito próxima.
Ambas são condições metabólicas e circulatórias que surgem na gravidez e aumentam o risco de complicações futuras, inclusive doenças cardiovasculares para a mãe.
A presença de uma condição aumenta a probabilidade de desenvolver a outra, e a hipertensão gestacional também está associada a esses quadros.
Benefícios do exercício físico para a prevenção de complicações na gravidez
Você sabia que um programa de exercícios físicos bem orientado pode reduzir o risco de desenvolver tanto a diabetes gestacional quanto a pré-eclâmpsia? E mesmo quando essas condições já estão instaladas, o exercício, se bem planejado e adaptado, pode reduzir os efeitos negativos e melhorar a evolução da gravidez.
Efeito endocrinológico do exercício
O exercício físico atua profundamente no metabolismo da gestante, trazendo benefícios como:
- Melhorar a sensibilidade à insulina
- Reduzir a inflamação sistêmica
- Melhorar a função dos vasos sanguíneos
- Regular a pressão arterial
- Estimular a produção de substâncias anti-inflamatórias
- Controlar o metabolismo de glicose e lipídios
- Além disso, ajuda no controle de peso, na força muscular e no bem-estar emocional.
Por que o exercício ajuda no controle da glicemia e da pressão arterial?
A prática regular de atividades físicas melhora o funcionamento das células, facilita a entrada de glicose nos tecidos e melhora a elasticidade dos vasos sanguíneos, o que é essencial para manter uma pressão arterial saudável.
Esses efeitos metabólicos e vasculares juntos diminuem a incidência de diabetes gestacional e pré-eclâmpsia.
Por que o exercício deve ser prescrito por um fisioterapeuta pélvico especializado?
O exercício físico durante a gravidez precisa ser adaptado às mudanças fisiológicas do corpo da mulher.
O fisioterapeuta pélvico especializado tem a formação necessária para:
- Avaliar a função do assoalho pélvico e da musculatura abdominal
- Adaptar o exercício para cada fase da gestação
- Identificar sinais precoces de complicações
- Trabalhar de forma segura para prevenir diástase, incontinência e prolapsos
- Reduzir riscos associados ao exercício inadequado
- Preservar a circulação sanguínea e a estabilidade articular da gestante
Sem a orientação correta, o exercício pode aumentar o risco de complicações, como aumento da pressão abdominal, flacidez de parede abdominal, piora de dores lombares e até prejudicar o fluxo sanguíneo do bebê.
Por isso, buscar a orientação de uma fisioterapeuta pélvica especializada é essencial para garantir a segurança e os benefícios reais do exercício durante a gestação.
Quando começar a praticar exercícios na gravidez?
Quanto antes, melhor!
O recomendado é começar ainda no primeiro trimestre da gravidez, logo após a liberação médica, conforme orientação do ACOG (American College of Obstetricians and Gynecologists).
O início precoce permite que o corpo da gestante vá se adaptando de forma gradual e segura, trazendo todos os benefícios metabólicos e circulatórios para a mãe e para o bebê.
A importância do acompanhamento multidisciplinar
Nenhuma estratégia isolada é suficiente. É essencial um trabalho integrado envolvendo:
- Obstetra
- Fisioterapeuta pélvico
- Educador Físico
- Nutricionista
- Endocrinologista, se necessário
Cada profissional contribui para um cuidado completo, oferecendo suporte clínico, metabólico, funcional e nutricional.
Exercício físico e alimentação saudável: a combinação ideal
A associação de exercícios físicos seguros e alimentação balanceada proporciona:
- Melhor controle da glicose sanguínea
- Estabilidade da pressão arterial
- Ganho de peso adequado
- Melhora do tônus muscular
- Preparação física para o parto
- Recuperação mais rápida no pós-parto
Cuidar da saúde é um ato de amor para você e seu bebê!
Se você está grávida ou planejando engravidar, saiba que o exercício físico orientado pela fisioterapia pélvica é um investimento precioso na sua saúde e na do seu bebê. Adotar hábitos saudáveis, buscar uma equipe multidisciplinar e cuidar do seu corpo com responsabilidade são formas de promover uma gestação mais tranquila, segura e feliz. Quanto antes começar, melhores serão os resultados.
Cuide de você. Cuide de quem está chegando.
Déborah Corrêa
Fisioterapeuta Especialista em Saúde da Mulher
Crefito 285988-F
Ilustração:
https://pin.it/6z0y0mtNm