Diástase abdominal um problema ou não?

Diástase Abdominal: Um Problema ou um Processo Natural?

A diástase abdominal se tornou uma preocupação crescente entre mulheres, especialmente no pós-parto. Muitas mães relatam sentir um “buraco” na região abdominal ou notar um “calombo” que aparece ao fazer certos movimentos. Com a disseminação de informações nas redes sociais, esse tema ganhou ainda mais visibilidade, mas também gerou muitas dúvidas e, em alguns casos, até medo.

Se você tem receio sobre a diástase ou não sabe se ela é um problema, este artigo vai esclarecer o que realmente é essa condição, como ela afeta o corpo e qual o melhor caminho para tratá-la. Afinal, será que toda diástase abdominal precisa ser tratada?

DIÁSTASE ABDOMINAL | O que é, sintomas e tratamento

O que é diástase abdominal?

A diástase dos músculos retos abdominais ocorre quando há um afastamento entre os músculos retos do abdômen. No entanto, é importante entender que a diástase vai muito além desse afastamento muscular – ela está diretamente relacionada a um tecido conjuntivo chamado linha alba, que conecta esses músculos e desempenha um papel essencial na estabilidade do tronco.

A diástase é um processo natural durante a gestação, pois a linha alba se alarga para acomodar o crescimento do útero e permitir o desenvolvimento do bebê. No entanto, em alguns casos, essa separação pode persistir no pós-parto, trazendo sintomas como flacidez abdominal, instabilidade do core e dores nas costas.

Além das gestantes e puérperas, a diástase também pode ocorrer em pessoas que carregam excesso de peso ou praticam exercícios de maneira inadequada, sobrecarregando a musculatura abdominal e o tecido conjuntivo.

                       

Diástase abdominal é um problema?

A diástase não deve ser encarada como uma doença, mas sim como uma adaptação do corpo. O problema surge quando essa adaptação não retorna ao estado funcional, resultando em sintomas que interferem no dia a dia da pessoa.
Em alguns casos, a diástase pode causar:
  • Sensação de fraqueza no abdômen, dificultando movimentos como levantar da cama ou carregar objetos.
  • Instabilidade do core, comprometendo a postura e gerando dores nas costas.
  • Abaulamento ou flacidez abdominal que impacta a autoestima.
  • Dificuldade em manter a pressão intra-abdominal, aumentando o risco de hérnias abdominais.
Portanto, a questão não é apenas a distância entre os músculos retos, mas sim a qualidade do tecido conjuntivo da linha alba. Para avaliar se a diástase precisa de tratamento, é fundamental analisar não apenas a largura da separação muscular, mas também a resistência e a funcionalidade dessa região.

Quando a diástase abdominal precisa de tratamento?

Durante a gestação, não há necessidade de tratar a diástase abdominal, pois ela faz parte do processo natural do corpo. O que pode ser feito nesse período são exercícios e orientações para evitar sobrecargas excessivas e facilitar a recuperação no pós-parto.

Já no pós-parto, a diástase pode ser considerada um problema quando o tecido conjuntivo da linha alba não apresenta resistência suficiente, causando instabilidade na região abdominal e comprometendo a postura e a força muscular.

A avaliação de um profissional especializado em reabilitação abdominal é essencial para determinar a necessidade de tratamento.

A relação entre diástase abdominal, assoalho pélvico e postura

O abdômen não trabalha sozinho. Ele faz parte de um sistema que inclui o assoalho pélvico, a musculatura das costas e o diafragma. Quando há um desequilíbrio nesse sistema, os sintomas da diástase podem se intensificar.

O assoalho pélvico, por exemplo, é fundamental para sustentar os órgãos internos e controlar a pressão dentro do abdômen. Se essa musculatura estiver fraca, o peso da pressão intra-abdominal pode ser transferido para a região mais frágil – que pode ser a própria diástase ou até mesmo a bexiga, resultando em incontinência urinária.

A postura também influencia no tratamento da diástase. Um alinhamento inadequado do corpo pode aumentar a sobrecarga no abdômen, dificultando a recuperação do tecido conjuntivo.

Por isso, a avaliação global do corpo é essencial no tratamento da diástase abdominal.

 

 

 

Qual o melhor exercício para tratar a diástase abdominal?

Essa é uma das dúvidas mais comuns. Existe um exercício ideal para tratar a diástase?
A resposta é: depende!
Muitos métodos, como os hipopressivos (LPF), exercícios de vácuo abdominal, abdominais convencionais e funcionais, são frequentemente mencionados como alternativas para tratar a diástase. No entanto, o mais importante não é o nome do exercício, mas sim a forma como ele é executado e sua adequação às necessidades individuais de cada pessoa.
O tratamento eficaz da diástase abdominal envolve:
  • Exercícios respiratórios para melhorar a ativação do diafragma.
  • Ativação dos músculos profundos do abdômen para recuperar a estabilidade.
  • Exercícios posturais para corrigir desalinhamentos que afetam o core.
  • Treinamento do assoalho pélvico, garantindo um suporte adequado à pressão intra-abdominal.
O segredo para a recuperação da diástase está na funcionalidade do abdômen no dia a dia. Mais do que apenas exercícios isolados, é fundamental aprender a ativar essa musculatura de forma eficiente nas atividades cotidianas, como levantar, sentar, carregar o bebê e praticar exercícios físicos.

O papel da fisioterapia pélvica na reabilitação abdominal

O tratamento da diástase abdominal não se resume a fortalecer os músculos retos do abdômen. O foco da reabilitação é restaurar a funcionalidade do core, garantindo que todos os músculos trabalhem juntos para estabilizar o corpo e sustentar a pressão intra-abdominal.
Na fisioterapia pélvica, utilizamos uma abordagem personalizada, avaliando não apenas a largura da diástase, mas também a qualidade da linha alba, a função do assoalho pélvico e o alinhamento postural.
Durante as sessões de reabilitação abdominal, trabalhamos:
  • Correção postural para evitar sobrecargas desnecessárias.
  • Exercícios de ativação do core, promovendo um fechamento mais eficiente da diástase.
  • Técnicas de controle da pressão intra-abdominal, evitando compensações musculares inadequadas.
  • Fortalecimento do assoalho pélvico, que atua como um suporte essencial para a estabilidade do tronco.
A fisioterapia pélvica é reconhecida como o tratamento de primeira linha para a diástase abdominal, sendo recomendada antes de qualquer intervenção cirúrgica. Segundo um consenso sueco de 2020, a cirurgia só deve ser considerada em casos onde há um comprometimento funcional severo e após um programa de reabilitação adequado de pelo menos seis meses.

Tenho Diástase abdominal: o que fazer agora?

Se você sente que a diástase está impactando sua funcionalidade, autoestima ou qualidade de vida, o primeiro passo é procurar um profissional especializado em reabilitação abdominal.

É essencial lembrar que cada corpo tem seu próprio tempo de recuperação. Acolha-se, aguarde o processo e admire cada evolução ao longo da jornada. O corpo passou por uma grande transformação e merece ser tratado com respeito e paciência.

Não tenha medo da diástase abdominal. Ela faz parte de um processo natural e pode ser tratada com os cuidados certos. Se precisar de ajuda, procure um fisioterapeuta pélvico especializado para avaliar seu caso e indicar a melhor estratégia para sua reabilitação.

Sobre mim

Prazer, Déborah Corrêa, fisioterapeuta especialista em saúde da mulher e reabilitação abdominal. Trabalho com fisioterapia pélvica e funcional, ajudando mulheres a se reconectarem com seu corpo e a recuperarem sua força e bem-estar no pós-parto.

Se você busca um tratamento eficaz para diástase abdominal, marque uma consulta e vamos juntas nesse processo!

CREFITO: 285988-F

Ilustrações: Vanessa Santos
Instagram: @pequenessi
Fonte:
Carlstedt A, Bringman S, Egberth M, Emanuelsson P, Olsson A, Petersson U, Pålstedt J, Sandblom G, Sjödahl R, Stark B, Strigård K, Tall J, Theodorsson E (2020) Management of diastasis of the rectus abdominis muscles: recommendations for Swedish National Guidelines. Scand J Surg. https://doi.org/10.1177/1457496920961000

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