O Retorno da Vida Sexual no Pós-Parto: Quando e Como Voltar a Ter Relações?
O pós-parto é uma fase repleta de mudanças físicas, emocionais e hormonais. O corpo da mulher passou por uma verdadeira revolução para gerar e dar à luz um bebê, e agora precisa de tempo para se recuperar. Uma das dúvidas mais comuns entre casais nesse período é: quando é o momento certo para retomar a vida sexual?
A resposta mais simples e verdadeira é: quando a mulher quiser. No entanto, existem alguns fatores importantes que podem influenciar esse retorno, como o tempo de recuperação do útero, os impactos hormonais da amamentação, o cansaço e até mesmo a percepção do próprio corpo no pós-parto.
Se você está passando por essa fase e tem dúvidas sobre como lidar com esse momento de retomada da intimidade, continue lendo. Vamos falar sobre as transformações do puerpério, os desafios do retorno à vida sexual e como a fisioterapia pélvica pode ajudar nesse processo.
Por que o desejo sexual pode mudar no pós-parto?
A resposta sexual da mulher no pós-parto pode ser bem diferente daquela que ela tinha antes da gestação. Isso não significa que ela deixou de amar ou desejar seu parceiro ou parceira, mas sim que seu corpo e sua mente estão atravessando um período de adaptação intensa.
Algumas razões pelas quais o desejo sexual pode diminuir incluem:
1. Alterações hormonais
Após o parto, os níveis de estrogênio caem drasticamente, enquanto a prolactina, o hormônio responsável pela produção de leite, aumenta. Essa mudança hormonal pode gerar:
- Diminuição da libido, pois a prolactina reduz o desejo sexual.
- Ressecamento vaginal, tornando a relação sexual desconfortável ou até dolorosa.
- Oscilações emocionais, afetando o envolvimento mental e físico com o sexo.
2. Cansaço extremo e privação de sono
A rotina com um recém-nascido pode ser extremamente cansativa. O bebê demanda atenção constante, a amamentação ocorre várias vezes ao longo da noite e muitas mães sentem que não têm tempo sequer para si mesmas.
Quando o corpo está esgotado, o desejo sexual pode ser deixado em segundo plano. Muitas mulheres relatam que não pensam em sexo porque estão exaustas e precisam de descanso antes de qualquer outra coisa.
3. Recuperação do corpo e autoestima
O corpo muda muito na gestação e no pós-parto. Muitas mulheres não se sentem confortáveis com a aparência da barriga, das mamas ou do períneo após o parto. Isso pode afetar a autoestima e, consequentemente, o desejo sexual.
A diástase abdominal, a flacidez, o ganho de peso e até cicatrizes (como da cesárea ou episiotomia) podem gerar insegurança e desconforto. A forma como a mulher se vê influencia diretamente na forma como ela se sente durante a intimidade.
4. Medo da dor ou desconforto
Quem teve um parto vaginal pode se preocupar com a cicatrização do períneo, especialmente se houve laceração ou episiotomia. Já quem passou por uma cesárea pode sentir incômodo na região da cicatriz.
Além disso, a musculatura do assoalho pélvico pode estar mais enfraquecida ou tensionada, o que pode dificultar o retorno à atividade sexual.
Quarentena no pós-parto: o que significa?
Muitas pessoas acreditam que o termo “quarentena” significa um período fixo de 40 dias sem sexo, mas na verdade, ele se refere ao tempo que o útero leva para voltar ao seu tamanho normal.
Durante esse período, a recomendação médica de evitar relações sexuais ocorre porque o útero e o colo uterino ainda estão se fechando, aumentando o risco de infecções.
Após esse período, não há um tempo ideal para retomar a vida sexual – o que importa é o conforto e a vontade da mulher.
Como facilitar o retorno à vida sexual no pós-parto?
O desejo pode levar um tempo para voltar ao normal, e tudo bem. Mas há formas de tornar esse processo mais confortável e prazeroso:
1. Respeite o tempo da mulher
O mais importante é que a retomada da vida sexual aconteça no momento certo para ela. Pressionar ou insistir pode gerar ainda mais insegurança e afastamento.
2. Ajudar a reduzir o cansaço
Pequenos gestos fazem diferença. Se o parceiro ou parceira puder ajudar a mulher a dormir um pouco mais, descansar ou dividir as tarefas com o bebê, isso pode ajudar a melhorar seu bem-estar geral e, consequentemente, seu interesse por sexo.
3. Criar momentos de conexão sem pressão
Investir no carinho, no toque e nos momentos de intimidade sem a expectativa de uma relação completa pode ajudar a resgatar a conexão do casal.
4. Explorar novas formas de prazer
O sexo não precisa ser apenas penetração. O casal pode explorar massagens, brinquedos eróticos, preliminares mais longas e novas formas de estímulo para que a mulher se sinta confortável e redescubra sua sexualidade.
5. Usar lubrificantes
Como a amamentação pode reduzir a lubrificação vaginal, o uso de lubrificantes à base de água ou silicone pode ajudar a tornar a experiência mais confortável.
6. Procurar a fisioterapia pélvica
A fisioterapia pélvica pode ser uma grande aliada no retorno da vida sexual. Durante o puerpério, essa abordagem terapêutica ajuda a:
- Reabilitar o assoalho pélvico, tratando fraqueza ou tensão excessiva.
- Melhorar a lubrificação vaginal, através de técnicas de relaxamento e fortalecimento.
- Reduzir a dor na relação sexual, tratando cicatrizes e disfunções musculares.
- Ajudar a mulher a recuperar a percepção e o controle sobre seu corpo, aumentando a confiança e o prazer.
Se houver dor ou dificuldade no retorno da vida sexual, buscar ajuda profissional pode evitar desconfortos e tornar essa retomada mais natural e prazerosa.
E se o desejo não voltar?
Cada mulher tem seu próprio ritmo, e isso precisa ser respeitado. Algumas podem sentir vontade de retomar a vida sexual logo no pós-parto, enquanto outras podem precisar de mais tempo.
Se a falta de desejo persistir por meses e começar a afetar o relacionamento ou a qualidade de vida da mulher, vale buscar orientação profissional. Um fisioterapeuta pélvico e um profissional da área da saúde da mulher podem avaliar se há fatores físicos, hormonais ou emocionais que estejam dificultando esse retorno.
O mais importante é entender que o desejo não some para sempre – ele apenas precisa de tempo e estímulo certo para voltar.
A retomada da vida sexual no pós-parto é um processo que envolve o corpo, a mente e a conexão do casal. Respeitar o tempo da mulher, investir no carinho, explorar novas formas de prazer e cuidar da saúde pélvica são passos fundamentais para que essa fase seja vivida sem culpa, sem pressão e com mais prazer.
Se você sente desconforto, medo ou dor nesse retorno, procure um profissional especializado em fisioterapia pélvica e reabilitação pós-parto para te ajudar nessa jornada. O seu bem-estar e sua qualidade de vida importam.
Sobre mim
Prazer, Déborah Corrêa, fisioterapeuta especialista em saúde da mulher e reabilitação abdominal. Trabalho com fisioterapia pélvica e funcional, ajudando mulheres a se reconectarem com seu corpo e a recuperarem sua força e bem-estar no pós-parto.
Se você busca um tratamento eficaz para diástase abdominal, marque uma consulta e vamos juntas nesse processo!
CREFITO: 285988-F